quinta-feira, 31 de março de 2011

"MEMÓRIAS DE UM TEMPO ONDE LUTAR POR SEU DIREITO É UM DEFEITO QUE MATA"

Eu freqüentava o Grupo Escolar, quando o terceiro presidente da golpe de 1964 foi visitar a mineração Vale do Rio Doce na minha cidade. Todas as crianças da escola foram impecavelmente uniformizadas e portando bandeirinhas do Brasil feitas de papel e bambu, perfiladas no Ponto dos Aflitos, caminho da mina, onde funcionava um mercado clandestino de hortifrutigranjeiros e outras, carnes, ervas e outros utensílios em meio à imensa poeira e lama. Aquilo tinha que ser mascarado não podia o presidente ver nem saber da existência. Diziam para a gente que era a revolução. Nesses eventos era obrigatória a participação, com as mãos no peito para mostrar orgulho e sorrisos de crianças nos lábios representando a satisfação da população. A mesma coisa era no sete de setembro. O desfile era obrigatório. Valia até nota no boletim. Mas depois fui crescendo até o dia em que vi uma bomba sendo jogada em minha casa. Passou um fusca, jogaram e nem deu para saber quem foi. Ninguém nos dizia nada. Só sabia que meu pai era do sindicato dos trabalhadores da mineração. Mas ninguém falava nada. 

Mais adiante, vim para capital estudar. Aí comecei a ver que tinha gente querendo fazer uma revolução. E pensava. Mas já não teve uma revolução? Começaram a me ensinar que a outra revolução era para restaurar a democracia. Comecei a ver com meus próprios olhos e sentir no nariz, quando na rua, a gente tinha que correr assim, do nada, de avanços das tropas em cima de alguma manifestação, tampando a cara dos gases das bombas. Passei a gostar de ler e os rapazes da república onde morava me alertavam que não era qualquer livro que se podia ler. Tinha uma censura, com livros, com discos. Mas na televisão e nos jornais nada se falava sobre o assunto. Lendo às escondidas, comecei a entender o sistema. Me envolvi também vendo colegas todos engajados, estudantes nas ruas todos os dias. Percebi que a outra revolução que se tentava era para derrubar o regime que humilhou, ofendeu, torturou, matou, destruiu vidas carreiras, reputações, famílias. Para andar nas ruas à noite o documento que tinha que se ter em mãos era a carteira de trabalho. Não adiantava RG, CPF. As bancas de jornais que vendiam material ‘proibido’, viviam sendo explodidas, tais como as redações de jornais que ousavam criticar alguma coisa. Não pode ficar esquecido. Passou mas não se esqueceu. Durou vinte e um anos.

Hoje faz 47 anos que tudo começou. Ainda bem que já passou, mas eu estou contando essa historinha é mais para quem nasceu depois disso tudo, maioria de jovens tão desligados da história, que nem sente os pés no chão a não ser para mostrar tênis de marca. Que não têm a democracia como valor social coletivo e universal. Para aqueles que acham que é só na indiferença política e no consumo que reside toda a felicidade possível de ser alcançada.

PEQUENA MEMÓRIA PARA UM TEMPO SEM MEMÓRIA

PS: SEMANA DE MEMÓRIA HISTÓRICA
texto atualizado. Publiquei-o em 2009.

quarta-feira, 30 de março de 2011

AEDO CIBERNÉTICO * - LA CARTA


imagem eulunaluz.blogspot.com

Violeta Parra pode ser considerada a mãe da canção comprometida com a luta dos oprimidos e explorados, tendo sido autora de páginas inapagáveis, como a canção "Volver a los 17", que mereceu uma antológica gravação de Milton Nascimento e Mercedes Sosa. Outra de suas canções, "La Carta", cantada em momentos de enorme comoção revolucionária, nas barricadas e nas ocupações, tem entre os seus versos o que diz "Os famintos pedem pão; chumbo lhes dá a polícia". Mas suas canções não apenas são marcadas por versos demolidores contra toda a injustiça social. O lirismo dos versos de canções como "Gracias a la vida" (gravada por Elis Regina) embalou o ânimo de gerações de revolucionários latino-americanos em momentos em que a vida era questionada nos seus limites mais básicos, assim como a letra comovedora de "Rin de Angelito", quando descreve a morte de um bebê pobre: "No seu bercinho de terra um sino vai te embalar, enquanto a chuva te limpará a carinha na manhã".
Fonte: http://pt.wikipedia.org/wiki/Violeta_Parra

Violeta Parra (1917 - 1967) é considerada a maior folclorista do Chile, bem como fundadora da música popular chilena. Estudou música como autodidata logo aos nove anos, e posteriormente passou a compor canções que moveram as massas revolucionárias do país.

Violeta viajou muito quando tornou-se compositora e cantora reconhecida, mas foi sua viagem à Argentina que rendeu-lhe grande sucesso, não só por sua obra em si, mas por ter encantado a diva Mercedes Sosa, por quem tornou-se muito mais popular, já que esta emprestou às canções mais belas de Violeta sua voz quente e apaixonada.

Fonte : http://barcamor.blogspot.com/2008/03/3-violeta-parra-volver-los-17.html e wikipedia


* Na antiguidade, como a escrita era pouco desenvolvida, o AEDO cantava as histórias que iam passando de geração para geração, através da música. Depois, veio o seu assemelhado na idade média que era o trovador. Hoje, juntado tudo isso com a tecnologia, criei o AEDO CIBERNÉTICO.


PS: ESTA SEMANA VOU PUBLICAR TEXTOS E MÚSICAS DE MEMÓRIAS HISTÓRICAS.






terça-feira, 29 de março de 2011

AEDO CIBERNÉTICO * - ANGÉLICA

Zuleika Angel Jones, conhecida como Zuzu Angel, (Curvelo,MG 5 de junho de 1923 — Rio de Janeiro, 14 de abril de 1976) foi uma estilista brasileira, mãe do militante político Stuart Angel Jones e da jornalista Hildegard Angel.

Nasceu em Curvelo-MG. Mudou-se quando criança para Belo Horizonte, tendo em seguida morado na Bahia. A cultura e cores desse estado influenciaram significativamente o estilo das suas criações. Pioneira na moda brasileira, fez sucesso com seu estilo em todo o mundo, principalmente nos Estados Unidos.

Em 1947 foi morar no Rio de Janeiro e nos anos 50 iniciou seu trabalho como costureira, quando fazia roupas principalmente para alguns familiares próximos. No princípio dos anos 70 abriu uma loja em Ipanema, quando começou a realizar desfiles de moda nos EUA. Nestes desfiles sempre abordou a alegria e riqueza de cores da cultura brasileira, fazendo sucesso no universo da moda daquela época.

Nos anos 70, seu filho Stuart, ativista que lutava contra a Ditadura instaurada a força no Brasil pelos militares brasileiros apoiados pelo Governo Estadunidense, foi preso e morto nas dependências do DOI-CODI. O corpo de Stuart nunca foi encontrado.

A partir daí, Zuzu entraria em uma guerra contra o regime pela recuperação do corpo de seu filho, envolvendo até os Estados Unidos, país de seu ex-marido e pai de Stuart. Essa luta só terminou com sua morte, ocorrida na madrugada de 14 de abril de 1976, num acidente de carro na Estrada da Gávea, à saída do Túnel Dois Irmãos (RJ), em circunstâncias então mal esclarecidas.

O caso de Zuzu foi tratado pela Comissão de Mortos e Desaparecidos Políticos, no processo de número 237/96, o governo brasileiro assumindo, em 1998, a participação do Estado em sua morte.

Em homenagem à estilista, o cantor e compositor Chico Buarque compôs, sobre melodia de Miltinho (MPB4), a música Angélica.

O escritor José Louzeiro escreveu o romance "Em carne viva", com personagens e situações que lembram o drama de Zuzu Angel.

CARTA DE STUART ANGEL PARA A SUA MÃE
"Mãe, você me pergunta se eu acredito em Deus.
Eu te pergunto: Que Deus? Tem sido minha missão te mostrar Deus no Homem, pois, somente no homem ele pode existir. Não há homem pobre ou insignificante que pareça ser, que não tenha uma missão.
Todo homem por si só influencia a natureza do seu futuro. Através de nossas vidas nós criamos ações que resultam na multiplicação de reações. Esse poder que todos nós possuímos, esse poder de mudar o curso da história, é o poder de Deus. Confrontado com essa responsabilidade divina, eu me curvo diante do Deus dentro de mim."
Stuart Edgard Angel Jones".
Fonte: wikipedia, aqui http://pt.wikipedia.org/wiki/Zuzu_Angel

* Na antiguidade, como a escrita era pouco desenvolvida, o AEDO cantava as histórias que iam passando de geração para geração, através da música. Depois, veio o seu assemelhado na idade média que era o trovador. Hoje, juntado tudo isso com a tecnologia, criei o AEDO CIBERNÉTICO.


PS: ESTA SEMANA VOU PUBLICAR TEXTOS E MÚSICAS DE MEMÓRIAS HISTÓRICAS.

segunda-feira, 28 de março de 2011

CONVERSAS COM QUEM GOSTA DE ESCREVER - Eduardo Galeano

imagem google
“A gente escreve a partir de uma necessidade de comunicação e de comunhão com os demais, para denunciar o que dói e compartilhar o que dá alegria. A gente escreve contra a própria solidão e a dos outros. A gente supõe que a literatura transmite conhecimento e atua sobre a linguagem e a conduta de quem a recebe; que ajuda a nos conhecermos para nos salvarmos juntos... A gente escreve, em realidade, para a pessoa com cuja sorte ou má sorte nós nos sentimos identificados, os mal dormidos, os rebeldes e os humilhados dessa terra, e a maioria deles não sabe ler.”

(Eduardo Galeano, escritor uruguaio).
Galeano nasceu em 3 de setembro de 1940 em Montevidéu em uma família católica de classe média de ascendência europeia. Iniciou sua carreira jornalística no início da década de 1960 como editor do Marcha, influente jornal semanal que tinha como contribuidores Mario Vargas Llosa e Mario Benedetti. Foi também editor do diário Época e editor-chefe do jornal universitário por dois anos. Em 1971 escreveu sua obra-prima As Veias Abertas da América Latina. Em 1973, com o golpe militar do Uruguai, Galeano é preso e mais tarde forçado a se exilar na Argentina, onde lançou Crisis, uma revista sobre cultura. Em 1976, com o sangrento golpe militar liderado pelo general Jorge Videla, tem seu nome colocado na lista dos esquadrões de morte e, temendo por sua vida, exila-se na Espanha, onde deu início à trilogia Memória do Fogo. Em 1985, com a redemocratização de seu país, Galeano retornou a Montevidéu, onde vive ate hoje. A obra mais conhecida de Galeano é, sem dúvida, As Veias Abertas da América Latina. Nela, analisa a História da América Latina como um todo desde o período colonial até a contemporaneidade, argumentando contra o que considera como exploração econômica e política do povo latino-americano primeiro pela Europa e depois pelos Estados Unidos da América. O livro tornou-se um clássico entre os membros da esquerda latino-americana.
Fonte: wikipedia

In: Escrever Sem Doer -  Ronald Claver, ed. UFMG, 2006.

PS: ESTA SEMANA VOU PUBLICAR TEXTOS E MÚSICAS DE MEMÓRIA HISTÓRICA





sábado, 26 de março de 2011

AEDO CIBERNÉTICO – VOU-ME EMBORA

Existem uns compositores que ultrapassam os limites do que a poesia pode nos oferecer de belo. É quando põem nela uma melodia. Será que é por isso que eu amo tanto a música? Sei não, mas desconfio. Se a poesia já toca fundo na gente, a música cutuca o insondável quando combinada com ela.
O Paulo Diniz é um desse enteus. Anda meio sumido mas não tem problema. O que ele já deixou me sustenta o espírito inquieto por muitos e muitos anos ainda. Só para dar dois exemplos do que falo, ele colocou melodia no poema JOSÉ, de Drummond. Dá para sentir o quanto isso é arrebatador? Só ouvindo a música.
Bom, depois, num momento daqueles que eu chamei de Enteografia*, compôs VOU-ME EMBORA. Parece que andou lendo o Manuel Bandeira a respeito de Passárgada, não ficou satisfeito com as certezas que lá estão colocadas e saiu para buscar a sorte por caminhos sem sul nem norte. Só ouvindo a canção para sentir melhor o que falo.

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* Na antiguidade, como a escrita era pouco desenvolvida, o AEDO cantava as histórias que iam passando de geração para geração, através da música. Depois, veio o seu assemelhado na idade média que era o trovador. Hoje, juntado tudo isso com a tecnologia, criei o AEDO CIBERNÉTICO.

* Sobre ENTEOGRAFIA, leia aqui: Mãos de Deus

quinta-feira, 24 de março de 2011

RUMOS

Quando está se terminando um casamento de anos a fio sustentado sabe-se lá porque cargas d’água, é hora procurar culpados. As partes tendem a se eximir das responsabilidades num primeiro momento, aquele da crise mais efervescente, na hora em que “o bicho tá pegando”. A sogra ou sogro, a rotina, o egoísmo, dinheiro e, não raro, um outro interesse amoroso que mesmo não havendo as vias físicas de fato, a traição propriamente, são, entre tantos, os motivos e as desculpas. Esfarrapadas ou não, costuma-se não terminar bem. Até que, após o incêndio, o mar de lama ou outros desdobramentos menos catastróficos, as reflexões acontecem, isentas ou maduras, depois de cada um ter tomado seu rumo, se sobreviveram ilesos fisicamente, moralmente e emocionalmente.

A história oficial da humanidade é meio assim também. O que está acontecendo agora em alguns países do oriente médio (Iraque, Líbia, Egito, Tunísia, Bahrein...) é um pouco resultado de anos e anos de aventuras européias (e depois americanas), de tira-e-põe de reis e ditadores no poder em função desse ou daquele interesse. Claro que há uma culpa interna de cada país agora, afinal ninguém suporta opressão por tanto tempo. O que não se aceita é a imputação de responsabilidades nesses casamentos que estão ruindo com o tempo. Tentou-se garantir uma paz duradoura por meios esquisitos lá atrás ou tentou-se garantir uma fonte de fornecimento de víveres e matérias primas para o mundo rico sem influências de regimes fundamentalistas, mas fez-se isso com regimes de força bruta implantados, que agora se desmancham ante anseio popular inquestionável do ponto de vista dos direitos democráticos. De quem é a culpa, a história oficial só vai registrar de forma sensata daqui a muito tempo, quando os escombros já não mais incomodarem o stablishment.

segunda-feira, 21 de março de 2011

CONVERSAS COM QUEM GOSTA DE ESCREVER – George Orwell

imagem google
À parte a neces­si­dade de ganhar a vida, penso haver qua­tro gran­des moti­vos para escre­ver, segu­ra­mente para escre­ver prosa. Exis­tem em dife­ren­tes graus em cada escri­tor, e no mesmo escri­tor vari­a­rão com o tempo, e de acordo com a atmos­fera em que ele está a viver. São eles:
  1. Puro egoísmo”.
O desejo de pare­cer esperto, de ser falado, de ser recor­dado depois da morte, de con­se­guir a des­forra dos adul­tos que nos des­pre­za­ram na infân­cia, etc., etc. É ridí­culo fin­gir que isto não é um motivo, e forte. Os escri­to­res par­ti­lham esta carac­te­rís­tica com os cien­tis­tas, artis­tas, polí­ti­cos, advo­ga­dos, sol­da­dos, empresá­rios de sucesso, em suma, com a camada supe­rior da huma­ni­dade. A grande massa dos seres humanos não é pro­fun­da­mente egoísta. Depois dos trinta anos aban­do­nam quase por com­pleto o sen­ti­mento de indi­vi­du­a­li­dade e vivem apenas para os outros, ou dei­xam sim­ples­mente abafar-se pelas suas labu­tas. Mas há tam­bém a mino­ria de pes­soas dota­das, espe­ran­ço­sas, que estão deter­mi­na­das a viver as suas vidas até ao fim, e os escri­to­res per­ten­cem a esta classe. Os escri­to­res sérios, devo acres­cen­tar, são de forma geral mais vai­do­sos e egoís­tas que os jor­na­lis­tas, embora menos inte­res­sa­dos no dinheiro.
  1. Entu­si­asmo esté­tico”.
A per­cep­ção da beleza no mundo exte­rior, ou, por outro lado, nas pala­vras e na sua pre­cisa dis­po­si­ção. O pra­zer do impacto de um som em outro, da firmeza da boa prosa ou do ritmo de uma boa estó­ria. O desejo de par­ti­lhar uma expe­ri­ên­cia que se con­si­dera de valor, e imper­dí­vel. A moti­va­ção esté­tica é muito débil em inú­me­ros escri­to­res, mas mesmo um pan­fle­teiro ou um autor de manu­ais terá pala­vras favo­ri­tas e fra­ses que lhe ape­lam por razões não utilitárias; ou pode ainda ser sen­sí­vel à tipo­gra­fia, ou à lar­gura das mar­gens, etc. Acima do nível dos horá­rios dos com­boios nenhum livro está com­ple­ta­mente livre das con­si­de­ra­ções estéticas.
  1. Impulso his­tó­rico”.
O desejo de ver as coi­sas como são, de des­co­brir os fa­tos verí­di­cos e preservá-los para uso da posteridade.
  1. Pro­pó­sito polí­tico
Usando a pala­vra “polí­tico” no seu sen­tido mais lato. O desejo de empur­rar o mundo numa certa dire­ção, de mudar as ideias das pes­soas sobre o tipo de soci­e­dade pela qual devem lutar. Mais uma vez, livro algum está livre de uma ten­dên­cia polí­tica. A ideia de que a arte não deve ter nada a ver com a polí­tica é, em si mesma, uma ati­tude política.
É fácil ver como estes vários impul­sos se anta­go­ni­zam entre si e como devem flutuar de pes­soa para pes­soa e de tempo para tempo.

George Orwell – ensaio
In: blog do joaonunes.com - 2007

sábado, 19 de março de 2011

MEU PRIMEIRO LIVRO DE CRÔNICAS

Eu tive uma semana, um mês talvez de muita notícia perrengue, contratempos e também chega uma hora que não dá para ficar só lamentando, pois a divisão de coisa boa e ruim foi sempre muito bem balanceada na minha vida. Uma hora depois que o médico me ligou para dizer que a minha hérnia de disco ganhou uma companheira (passei para duas) a editora mandou me dizer que meu segundo livro está pronto, finalmente. É o meu primeiro livro de crônicas, da série que pretendo lançar ainda este ano (já tenho mais dois em fase de revisão).
O ARCANJO  é um personagem que eu criei faz já um tempinho e ele fica por ai bisbilhotando a vida e as coisas alheias, não com o intuito de fazer fofoca gratuita, mas é um observador do cotidiano que gosta de dar suas impressões com jeito de filósofo ruão. Tem mais outras crônicas engraçadas e que dão o que pensar também. É uma alegria sem medida mais esse filho que vem completar as minhas buscas constantes para alimentar meu espírito escrevendo. No lado direito da página há a capa e contra capa e clicando nela vai dar direto no site da editora , caso alguém queira me dar a honra em adquirí-lo para ler. Meu  muito obrigado, paz e bem.

sexta-feira, 18 de março de 2011

DOEU ?

 

Acho que a impassibilidade diante da dor é para os estóicos e a camuflagem dela em aparente alegria é para os masoquistas. Depurar toda a dor que enluta por qualquer razão é uma purificação interior.

Não se trata de preparar-se “para outra”, mas de estar em condições de assumir-se tal como se fica quando é o caso de algo que alegra demasiadamente. Assim como o sorriso produz hormônios de bem estar, o choro libera toxinas que envenenam o organismo.

quinta-feira, 17 de março de 2011

AEDO CIBERNÉTICO* ANTES DO VERDE IR MORAR NO DICIONÁRIO


Antigamente, quando o estado era menos laico, tudo que se tinha de reclamação nos diziam para ir reclamar ao Bispo. Hoje, que conquistamos uma considerável cidadania de consumidores, já se aceitam reclamações nas repartições. Fiquei observando do início ao fim as obras que alteraram a avenida Cristiano Machado, ligando o centro de Belo Horizonte ao Aeroporto de Confins. Chamam-na agora de linha verde. Daí eu pensar que seria algum concreto e asfalto em meio a muito verde.
Esta carta foi inspirada na música Matança e nas obras (horríveis) da linha verde em Belo Horizonte.
Senhor administrador,
O duplo sentido das coisas afaga somente a quem sonha. A realidade costuma ser mais dura ou oposta ao imaginado. Ou então se faz metáfora com segundas (e más) intenções. Estou falando da linha verde, a ligação que vai fazer chegarem depressa os passageiros de avião que usam o aeroporto de Confins, aqui em BH. Sem discutir o mérito econômico da obra, quero falar mesmo é do meu devaneio.
Sinceramente pensei que o nome Linha Verde estivesse relacionado à beleza. Cheguei a imaginar um bulevar. Umas pistas ladeadas de árvores e flores. Um colorido que fosse capaz de prender a atenção dos passantes a ponto de perderem a noção do tempo que irão gastar de suas origens ao aeroporto e descobrirem novas e belas paisagens não vistas quando estivessem voltando para casa. Ou vice-versa. (Pausa: vice-versa continua com hífen, senhor administrador?). E o verde é só para os semáforos?
Você não vai mesmo me dar ouvidos, então deixe-me falar para o povo dessa cidade e para quem nos visita.
Começamos como Curral Del Rei. Convenhamos, curral não é um bom topônimo para servir de morada às pessoas. Ainda mais súditas. Aí, como tudo teve início lá no alto da serra, com uma vista de encher os olhos, decidiram por Belo Horizonte. E aos pouquinhos estão nos tirando o belo. Com tanto cimento, asfalto, prédio e viaduto, onde ficará o horizonte?
MATANÇA (LETRA E MÚSICA – XANGAI)
Cipó caboclo tá subindo na virola
Chegou a hora do pinheiro balançar
Sentir o cheiro do mato da imburana
Descansar, morrer de sono na sombra da barriguda
De nada vale tanto esforço do meu canto
Pra nosso espanto tanta mata haja vão matar
Tal mata Atlântica e a próxima Amazônica
Arvoredos seculares impossível replantar.
Que triste sina teve cedro nosso primo
Desde de menino que eu nem gosto de falar
Depois de tanto sofrimento seu destino
Virou tamborete, mesa, cadeira, balcão de bar
Quem por acaso ouviu falar da sucupira
Parece até mentira que o jacarandá
Antes de virar poltrona, porta, armário
Mora no dicionário vida eterna milenar.
Quem hoje é vivo corre perigo
E os inimigos do verde da sombra, o ar
Que se respira e a clorofila
Das matas virgens destruídas vão lembrar
Que quando chegar a hora
É certo que não demora
Não chame Nossa Senhora
Só quem pode nos salvar é
Caviúna, cerejeira, baraúna
Imbuia, pau-d'arco, solva
Juazeiro e jatobá
Gonçalo-alves, paraíba, itaúba
Louro, ipê, paracaúba
Peroba, massaranduba
Carvalho, mogno, canela, imbuzeiro
Catuaba, janaúba, aroeira, araribá
Pau-fero, anjico amargoso, gameleira
Andiroba, copaíba, pau-brasil, jequitibá
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* Na antiguidade, como a escrita era pouco desenvolvida, o AEDO cantava as histórias que iam passando de geração para geração, através da música. Depois, veio o seu assemelhado na idade média que era o trovador. Hoje, juntado tudo isso com a tecnologia, criei o AEDO CIBERNÉTICO.

quarta-feira, 16 de março de 2011

DISCUTINDO A RELAÇÃO

imagem:blog-da-natta.blogspot.com
- “Se você disser que eu desafino amor, saiba que isso em mim provoca imensa dor”.

Isso foi depois de “um dia em que ele chegou tão diferente do seu jeito de sempre chegar”... Olhou-a de um jeito muito mais frio do que sempre costumava olhar e disse:
- “Não sei por que insisto tanto em te querer”...  “Como vai você”?  “Eu preciso saber da sua vida”! Nem que seja “só pra contrariar”.

E ela, na rotineira ausência de cumplicidade conjugal, pensava:
 -“ Todo dia ele faz diferente, não sei se ele volta da rua, não sei se ele traz um presente, não sei se ele fica na sua. Talvez ele chegue sentido , quem sabe me cobre de beijos? Ou nem me desmancha o vestido? Ou nem me adivinha os desejos”?

Que confusão! É que ele quer uma letra, num acorde de um violão, ela quer um batidão (tum,ti,tum,ti,tum), ele quer  um documentário, um filme , algo especial, ela quer uma novela, uma imagem digital com detalhes que mostrem celulites nas mulheres e a cor real da raiz dos cabelos alourados por tinturas mil.

E se ela quer Caras, ele quer um livro. Ela falou pro didjei , ele falou pro maestro: se ela dança, eu ouço uma sinfonia. Ela descia na boquinha da garrafa. Ele, contrariado, descia uma garrafa na boquinha. Não era um 12 anos, mas apaziguava. E ela ralava na boquinha da garrafa e ele ralava com as palavras para encontrar algo que descrevesse  tanta “vida besta, meu Deus”!

- “Valei-me Deus , é o fim do nosso amor, onde foi que eu errei? Será que minha ilusão foi dar meu coração com toda força pra essa moça”? Pensava ele.

Se é “cada um no seu quadrado”, uma hora dessas um dos dois vai acabar optando por um triângulo. Mas antes que ela dissesse mais alguma coisa, ele “se instalou feito um posseiro dentro do seu coração”, -  liga não! Disse ele. “É que no peito de um desafinado também bate um coração”. 
E o assunto ficou para a próxima vez que precisassem discutir a relação.



Nota: As palavras, expressões e frases entre aspas são referências a letras de músicas e trechos literários.

terça-feira, 15 de março de 2011

SENTIDOS

            Estamos vivendo era da carência. A material já é sentida há muito tempo. Como não vivemos só de comer e dormir e trabalhar, outras carências vão se acumulando e se manifestando das mais diversas formas. Especialmente aquelas que atingem o nosso mais profundo sentimento: o de estar no mundo. Acabam se materializando em ações ou reações inimagináveis.
            Daria um tratado de filosofia, outro de sociologia, outro de psicologia relatar tudo que decorre das carências humanas. Mas não é esse o meu propósito nem minha capacidade. Quero, portanto falar de uma carência que, talvez, seja das mais urgentes para a sanidade da alma e do corpo: ouvir. Todos necessitamos ser ouvidos. Para tanto precisamos aprender a ouvir. Primeiro ouvir a si mesmo, o coração e a mente. Depois ouvir o outro.
            Já reparou os diálogos atualmente como se estabelecem? Se é que podemos chamar de diálogos, eu chamaria a maior parte das conversas de diálogos de surdos. Fala-se, fala-se, fala-se. Escuta-se muito, mas não se ouve. Ouvir requer estabelecer comunicação. Mas as carências são tão grandes que colocamos em primeiro lugar as nossas necessidades. Como o outro também é portador de muitas necessidades, ninguém ouve, apenas escuta. O cabedal de informações disponíveis e a rapidez com que nos são apresentadas, mais a soma de nossas carências, não abrem espaço para o tempo que deveríamos ter para transformar tudo em formação. Essa sim, é que proporciona ou permite-nos desenvolver a capacidade de ouvir. E faz um bem enorme para a alma, para o encontro de nosso lugar no mundo e como conseqüência para as nossas relações com as pessoas e das pessoas conosco.

segunda-feira, 14 de março de 2011

CONVERSAS COM QUEM GOSTA DE ESCREVER *- Hoje é dia da POESIA

MINHA HOMENAGEM A TODOS OS (AS) POETAS PELO DIA NACIONAL DA POESIA
OCTÁVIO PAZ - imagem: passeandopelocotidiano.blogspot.com

 “Os poetas dizem a verdade quando dizem que, ao começar a escrever um poema, não sabem o que vão dizer. Escrevemos para dizer o não dito, e para conhecê-lo. ”
(Octavio Paz, escritor mexicano).
JOÃO CABRAL DE MELO NETO imagem: lenidavid.com.br 
“Catar feijão se limita com escrever:
Joga-se os grãos na água do alguidar
E as palavras na folha de papel
E depois, joga-se fora o que boiar.”
(João Cabral de Melo Neto, Poesias Completas)


“Por que é o mesmo pudor
De escrever e defecar?
Não há  o pudor de comer,
De beber, de incorporar.
E em geral tem mais pudor
Quem pede do que quem dá.
Então por que quem escreve,
Se escrever é afinal dar,
Evita gente por perto
E procura se isolar?”
(João Cabral de Melo Neto, Museu e Tudo)
imagem google
“Fazer poemas
é andar na corda bamba
de um circo abandonado
pior:
com os pés trocados.”
(Antônio Barreto, Sono Provisório)
FERNANDO PESSOA: imagem wikipedia
Autopsicografia

“O poeta é um fingidor.
Finge tão completamente
Que chega a fingir que é dor
A dor que deveras sente.

E os que lêem o que escreve,
Na dor lida sentem bem,não as duas que ele teve,
Mas só as que eles não têm. “
Fernando Pessoa, Obra Poética)
imagem google
“Se é verdade que sou um poeta pela graça de Deus ou do demônio, também o sou pela graça da técnica e do trabalho.”
(Garcia Lorca, escritor espanhol)
MALLARMÉ
“Descrever um objeto é suprimir ¾ da fruição de um poema, que é feito da felicidade de adivinhar, pouco a pouco. Sugeri-lo, eis o sonho.”
(Mallarmé, poeta francês)
MÁRIO QUINTANA - imagem:conhecerautores.pbworks.com
“Mas para que interpretarem um poema? Um poema já é interpretação.”
(Mário Quintana, Na volta da Esquina)

“Um bom poema é aquele que nos dá a impressão de que está lendo a gente... e não a gente a ele.”
(Mário Quintana:  A Vaca e o Hipogrifo)
CASSIANO RICARDO imagem google
“Resta-me só esta graça de ser poeta.
Poesia! Única coisa
Que, depois de sabida,
Continua secreta...”
(Cassiano Ricardo, Poesia Reunida)
MÁRIO DE ANDRADE imagem educacaoadventista.org.br
“Quando sinto impulso lírico escrevo sem pensar tudo o que o meu inconsciente grita. Penso depois: não só para corrigir, como também para justificar o que escrevi.”
(Mário de Andrade, Prefácio Interessantíssimo)
DRUMMOND imagem cantinhodosaber.buscasulfluminense.com   
“Se meu verso não deu certo, foi seu ouvido que entortou. Eu não disse ao senhor que não sou senão poeta?”
(Carlos Drummond de Andrade, Alguma poesia)
 
 
MACHADO DE ASSIS - imagem wikipedia
“As idéias para mim são como nozes, e até hoje não descobri melhor processo para saber o que está dentro de uma e outras – senão quebrá-las.”
(Machado de Assis, escritor carioca)
LEON TOLSTOI imagem google
“Queres escrever para o mundo? Então canta a tua aldeia.”
(Leon Tolstoi, escritor russo)
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* In: Escrever Sem Doer -  Ronald Claver, ed. UFMG, 2006.





domingo, 13 de março de 2011

ABELHAS SEM TETO


Atenção apreciadores de todos os gêneros literários: a crônica está em alta. Ela, que por muito tempo foi considerada pela crítica como gênero de menor fôlego e importância tem crescido em quantidade e qualidade, e o que é melhor ainda, em adeptos. Nesses tempos de correria, é ela que vem ocupando mais espaço. A possibilidade de fazer um pequeno panorama de grandes coisas do cotidiano em uma síntese bem elaborada agrada a quem tem pouco tempo e pouca disposição de ler grandes volumes.  Agrada também a quem tem tempo e disposição para ler. Agrada ainda quem está começando a se familiarizar com o mundo da leitura. Só não agrada mesmo aos analfabetos, aqueles definidos assim pelo Mário Quintana: “os que sabem ler e não lêem.” A crônica não está disputando lugar de ponta na literatura, é bom que se diga. Afinal, literatura é literatura e tem lugar para todo mundo.

PARA GOSTAR DE LER é o nome de uma coleção antiga que reuniu muitos dos nossos grandes escritores com crônicas que tiravam do cotidiano mais comezinho, com seus talentos nada comezinhos, o despertar na gente do gosto pela leitura. São mais de 13 livros que eu acompanhei durante parte da minha vida e eles reforçaram muito em mim o prazer pela leitura. Eis que esse é o fino atrativo da crônica: falar das cidades, da roça e claro das gentes que transitam e habitam, amam, brigam, xingam, se emocionam, os marginalizados, os alegres, os doentes e os saudáveis, os metidos e os “gente boa” da forma mais normal do mundo, seja com humor ou crítica que nos leva à pensar, porém de um ângulo que ninguém teve a percepção de descrever. A própria sinopse do primeiro livro desta coleção dizia que crônica é um texto tão gostoso de ler que dá na gente vontade de escrever.

Eu acho que ela deveria retornar com novos autores. E o livro da Vany Grizante deveria constar desta coleção. O que está no livro ABELHAS SEM TETO sou eu, é você, somos nós todos os dias e em todos os lugares e situações. Com o detalhe da marca do talento da autora que possui uma capacidade de síntese imensurável que não deixa o texto ficar devendo a gente explicações e nem sobra enchimentos desnecessários. É uma porção de prazer parecida com uma descarga de adrenalina bem dosada na hora que a gente passa por um estímulo mental daqueles bem gostosos. A população não parou de crescer e carece muito de ler autores brasileiros, principalmente. Não é bairrismo nem nacionalismo. É identidade nossa com as nossas coisas. Duplo prazer e serventia.  A minha indicação do livro é exatamente por despertar em nós esses dois prazeres tão elevados.

ABELHAS SEM TETO E OUTRAS CRÔNICAS
VANY GRIZANTE
ED. ALL PRINT – 2010

sábado, 12 de março de 2011

QUO VADIS ?

Estamos vivendo tão ensimesmados, tão voltados para o próprio umbigo, que até o “Bom Dia” está deixando de ser exclamação de alvíssaras e se tornando reticências. Na maior parte das vezes só percebemos a existência do nosso semelhante quando ele nos causa algum incômodo. Mesmo assim, o percebemos não para reconhecer-lhe o devido valor humano, mas para criarmos mecanismos que nos permitam excluí-lo do nosso caminho

QUO VADIS? (aonde vais?) Se interessar, leia mais aqui: http://www.espacoacademico.com.br/035/35clopes.htm

sexta-feira, 11 de março de 2011

NO PRINCÍPIO ERA O "O"

            Dizem que Deus povoou a terra primeiro com os homens do sangue tipo “O” para que se alimentassem de outros serem feitos também de carne, porém menos espertos. Ai o homem os caçava e comia. Tinha plantas também mas o homem não entendia nada de seu cultivo ainda. Só comia aquilo que se movimentava. Ai, ele corria atrás e aproveitava para fazer uns exercícios físicos e ficar mais forte e com mais fome. Os vegetais só entraram no seu cardápio depois que  ele se tornou sedentário. Por isso as dietas para emagrecer são repletas de verde. E assim foram aparecendo os outros tipos sanguíneos. Quer dizer Deus criou o “O” e depois veio o resto. Por outro lado foi até bom. Passou a ajudar na digestão. As fibras contidas nas plantas são uma boa combinação. Eu não como um churrasquinho sem que seja acompanhado de uma  salada. Êta sangue bom!
            Para quem quiser ver mais sobre essa curiosidade, o livro está no site abaixo:
Clique e veja as características e a dieta para cada tipo de sangue.

quinta-feira, 10 de março de 2011

VIL METAL

Em 2008, o  Banco Central lançou uma moeda comemorativa dos 200 anos da chegada da família real ao Brasil. Devia se chamar metamorfose, eu cheguei a pensar. De mil-réis, passamos a cruzeiro, daí para cruzeiro novo, voltou a cruzeiro, cruzado, cruzado novo, URV, Real...Aonde vamos parar?  Apesar de ter sido uma edição limitada para colecionadores, a moeda com valor de 5,00 na face foi vendida a 108,00. Vejam só que coisa estranha. Que conversão é essa, ninguém sabe.

Tive um amigo que durante o período Sarney-Cruzado, Collor Cruzado Novo, Itamar-URV/real, passou a usar cartão para tudo, até mesmo o pãozinho. Ele tinha uma dificuldade danada com os números e sendo pão duro, ficava temeroso de ser passado para trás numa conversão e lhe serem tirados alguns zeros de suas notas ou moedas. Lembro de pagar uma conta na padaria para ele. O moço do caixa se recusava terminantemente a receber uns centavos de cruzados novos no cartão de crédito.

- Isso não paga nem o custo da máquina de processar a transação, moço.
- Azar o seu. É dinheiro como qualquer outro e vou levar o pão assim mesmo.
- Tá bom, você me paga depois.
- Não senhor, se voltar aqui vai ser a mesma coisa e vou acabar é acumulando dívida. Não gosto de fiado não.
Foi aí que entrei e paguei para evitar mais confusão.

Consegui um endereço na rede que tem as fotos das cédulas desde o império e pude constatar que não estou tão velho assim. A mudança de padrão monetário é que foi muito rápida por causa de inflações e inflações monstruosas. Meu salário já chegou a mais de 11 milhões de cruzeiros  mensais numa época e 6 milhões de cruzados em outra. E nem faz tanto tempo assim. Outro dia mesmo. Ah, se fosse hoje em reais...

Quem quiser conhecer ou matar a saudade, se é que dá alguma, clique ai embaixo e veja as cédulas. O barão, a abobrinha, etc,etc,etc. Coitados dos poetas...

quarta-feira, 9 de março de 2011

HUMOR SOBRE XIXI NA RUA

imagem bahianoticias.com.br
O carnaval já tinha passado mas o processo, não. O sujeito foi condenado à prisão por ter feito xixi no meio da rua. Devidamente flagrado com fotos e denunciado à justiça pelos moradores, vai cumprir a pena com serviços comunitários de lavagem de logradouros públicos. Arcanjo Isabelito,* o filósofo que dá pitaco em quase tudo, saiu-se com essa:
“Uma mijada, ora é um suplício, ora é um prazer. A bexiga e o local são apenas intrusos entre um e outro.”

* um personagem que criei.

terça-feira, 8 de março de 2011

AEDO CIBERNÉTICO* MARIA, MARIA

Maria, minha mãe, possuía todas essas marcas. Quando aprendi a arranhar uns acordes no violão, era a música que mais ela gostava de me ouvir tocando. E cantava com uma profundeza, que parecia engolir os suspiros que lhe provocavam a letra, a melodia enredada em sua sina de Maria forte. Maria filha, mãe, mulher com toda a graça, manha, gana, beleza, pureza, orgulho de Maria, orgulho de mulher. Tinha a sensação que Milton Nascimento havia conversado com muitas Marias como ela, antes de compor essa canção. Vai ver teve uma Maria assim em sua vida, como eu tive na minha.

AQUI DEIXO O MEU ABRAÇO CARINHOSO ÀS MULHERES PELO DIA ESPECIAL



Maria, Maria, é um dom, uma certa magia
Uma força que nos alerta
Uma mulher que merece viver e amar
Como outra qualquer do planeta
Maria, Maria, é o som, é a cor, é o suor
É a dose mais forte e lenta
De uma gente que ri quando deve chorar
E não vive, apenas aguenta

Mas é preciso ter força, é preciso ter raça
É preciso ter gana sempre
Quem traz no corpo a marca
Maria, Maria, mistura a dor e a alegria
Mas é preciso ter manha, é preciso ter graça
É preciso ter sonho sempre
Quem traz na pele essa marca
Possui a estranha mania de ter fé na vida.
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* Na antiguidade, como a escrita era pouco desenvolvida, o AEDO cantava as histórias que iam passando de geração para geração, através da música. Depois, veio o seu assemelhado na idade média que era o trovador. Hoje, juntado tudo isso com a tecnologia, criei o AEDO CIBERNÉTICO.
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