terça-feira, 30 de agosto de 2011

CONVITE - LANÇAMENTO


“Amanhã será um lindo dia
Da mais louca alegria
Que se possa imaginar...”
(Amanhã-Guilherme Arantes)







Terei uma imensa alegria em receber aqueles que puderem comparecer.










A música é só para enfeitar esse momento de alegria





segunda-feira, 29 de agosto de 2011

LER NÃO CAUSA L. E. R. * - Frases II


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“Um livro deve ser o machado que partirá os mares congelados dentro de nossa alma.”
fonte: www.unitau.br/biblioteca/popup/paixao-pelos-livros
Do livro  Paixão pelos Livros (org. por Júlio Silveira e Martha Ribas, ed. Casa da Palavra)

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“Quer amigos, procure nos livros: eles são os amigos verdadeiros, que não bajulam ou dissimulam.”
fonte: www.unitau.br/biblioteca/popup/paixao-pelos-livros
Do livro  Paixão pelos Livros (org. por Júlio Silveira e Martha Ribas, ed. Casa da Palavra)

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“Os verdadeiros analfabetos são os que aprenderam a ler e não lêem.”
fonte: www.unitau.br/biblioteca/popup/paixao-pelos-livros
Do livro  Paixão pelos Livros (org. por Júlio Silveira e Martha Ribas, ed. Casa da Palavra)

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“Os livros têm os mesmos inimigos que os homens: o fogo, a umidade, os animais, o tempo e o próprio conteúdo.”
fonte: www.unitau.br/biblioteca/popup/paixao-pelos-livros
Do livro  Paixão pelos Livros (org. por Júlio Silveira e Martha Ribas, ed. Casa da Palavra)

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“Sempre imaginei o paraíso como uma grande biblioteca.”
fonte: www.unitau.br/biblioteca/popup/paixao-pelos-livros
Do livro  Paixão pelos Livros (org. por Júlio Silveira e Martha Ribas, ed. Casa da Palavra)

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“Ler é beber e comer. O espírito que não lê emagrece como um corpo que não come.”
fonte: www.unitau.br/biblioteca/popup/paixao-pelos-livros
Do livro  Paixão pelos Livros (org. por Júlio Silveira e Martha Ribas, ed. Casa da Palavra)

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“Onde se queimam livros cedo ou tarde se queimam homens.”
fonte: www.unitau.br/biblioteca/popup/paixao-pelos-livros
Do livro  Paixão pelos Livros (org. por Júlio Silveira e Martha Ribas, ed. Casa da Palavra)


* L.E.R. =  Lesão por Esforço Repetitivo



sábado, 27 de agosto de 2011

O BELO, O FEIO E O CONTEÚDO

Li um texto excelente da ElaineGaspareto, uma das ótimas blogueiras que conheço com dicas sobre como ter um blog de destaque na internet e descobri entre suas muitas e convincentes argumentações que os olhos falam primeiro no ser humano.

Desde as cavernas que a estética tem um apelo enorme nas nossas manifestações. O problema no meu entendimento começa quando esse apelo suplanta o objetivo ou a falta de objetivo da coisa. Outro dia (um outro dia que durou meses) houve uma enorme polêmica sobre um livro didático que o MEC teria autorizado nas escolas e dele dizia-se afiançar (até estimular) o falar errado entre os alunos. Eu não sei até onde toda a crítica tinha a ver com o conteúdo do livro. Li inúmeras críticas de gente que sequer conheceu ou viu ou leu o tal livro. Muita gente critica textos escritos com erros ortográficos e de concordância por causa da feiúra, mas não sei se toda essa gente tem o mesmo afinco para criticar (para o bem ou para o grotesco) o conteúdo dos textos. Nesses casos, é melhor que haja incorreções junto com um pensamento coerente do que uma sucessão de incoerências e absurdos mentais todo enfeitadinho. Será que foi assim que nasceu a preconceituosa piada da loura burra? Uma belezoca boazuda que tem dificuldades de manifestar-se coerentemente?


A comida que comemos costuma ser mal vista se o prato não estiver minimante bem arranjado e enfeitado. O segundo ato é o aroma e só depois o paladar é alcançado (e vejam que é ele que nos garante a entrada de alimento para a nossa sobrevivência saudável). E não podemos nos esquecer que o arroz e o açúcar são naturalmente escuros. Começamos a exigi-los branquinhos e quimicamente lavados por exigências estéticas, nada mais.

Eu tenho uma irritação muito grande quando implicam, por exemplo, com que roupa eu vou. Prefiro que as pessoas prestem atenção em minha integridade do que em minha aparência, pois dela, na maioria das vezes vem os julgamentos antes mesmo que a gente abra a boca.

Texto da Elaine (Blog um pouco de mim) :  aqui

quinta-feira, 25 de agosto de 2011

CLASSES SOCIAIS

“Eu me considero classe econômica, do tipo que viaja pela vida em poltrona apertada, sem direito a muitas esticadas e sem banco reclinável. Aliás, de bancos eu tenho muita pouca coisa boa pra falar. Para quem possui um dinheirinho, os bancos são os piores lugares para ele ficar assentado em nome de alguma segurança.. Já fui fundos-C e já morei também em casa geminada. Dá uma sensação de igualdade, morar lado a lado e no mesmo lote do dono do imóvel, mesmo sendo de aluguel. Hoje eu virei namoradinho do Brasil. Não me tornei celebridade nem nada. Apenas a menina dos olhos dos donos da indústria e do comércio e propaganda da mídia toda.  Não sou mais fundos-C, sou a própria classe que resolveram denominar de C. Fico entre uns poucos salários mínimos que nem chegam perto anualmente daquilo que um deputado ganha, por exemplo,  em um mês mas entrei definitivamente na seara do consumo de primeira linha. Mesmo sendo mal atendindo, com aquelas caras de desconfiança. Vê se pode, o dono do estabelecimento costuma nem ser ainda classe A e o atendente está lá pela faixa D ou E; como é que se entende uma coisa dessas?”
(Depoimento colhido pelo Arcanjo Isabelito Salustiano, o Filósofo das Ruas, num belo shopping de BH)

Eu estudei um pouco de economia política entre Adam Smith, Marx e Keynes os três principais teóricos desta matéria que hoje considero a rainha má da nossa sociedade. A divisão de classes se dava basicamente pela classe dos donos das coisas e dos donos das energias e forças (de trabalho). Havia no meio uma classe intermediária que nem era dona do capital, máquinas e instrumentos, nem era somente uma força de trabalho disponível. Geralmente autônoma ou nos altos escalões de assalariados que administrava o dinheiro dos ricos e negava suas próprias origens, querendo ultrapassar a barreira da renda e pulando para cima. Era a classe média.  Fala-se muito também hoje em dia, de pessoa que pertence à classe baixa e à alta. Eu fico sem saber se isso é um desmerecimento social ou se está se falando da renda da pessoa. Aí, o negócio é prestar atenção em quem está falando, se tem intenção pejorativa, se é por desconhecimento da composição da pirâmide ou se é arrogância.

Eu não sei de quem foi a ideia maquiavelicamente brilhante de reduzir o número de saltos nessa mobilidade de classes e fragmentou com números e renda a classe média. Ou seja, para ser considerado rico, o sujeito tem que ultrapassar mil e uma barreiras, ou melhor, uns cinco degraus de classes*. O topo não é para todo mundo, mas alguém determinou que também não deve ser  para muitos. O que desespera muita gente é uma perspectiva de igualdade, mesmo que remota. 
 ______________________________________________________
*divisão estabelecida pelo IBGE, Ipea, FGV, Empresas de Publicidade e outros organismos de estudos e estatísticas sócios econômicas.
Quer ver como é a divisão? Leia aqui 






terça-feira, 23 de agosto de 2011

FELICIDADE DELIVERY

imagem daqui

Ser feliz custa baratinho e vende nas farmácias. Muitas entregam em casa, se a gente preferir. Estava demorando a acabar o acanhamento das indústrias de remédios para declararem que a felicidade pode ser adquirida em pílulas. Desde o lançamento do Prozac que isso vem sendo perseguido por milhões e milhões de pessoas.  E agora assumiram de vez. Vejo uma matéria no jornal* em que o aumento do consumo entre brasileiros no último ano foi de quase 140%, que os mais jovens estão embarcando a toda velocidade no uso e que até cachorros estão tomando anti-depressivos. Pudera, com donos estressados o efeito em cascata torna-se inevitável nos  animais.

Não poderíamos esperar outra coisa, afinal a artificialidade vem nos fazendo companhia há quase um século. Nossa comida não é mais natural, já se pode clonar um humano (e feliz), nossas relações não são mais naturais; até o amor, essa coisa tão decantada em prosa, verso e desejos está deixando de ser um sentimento com pretensões de desprendido. E se não tiver um toma-lá-dá-cá, ama-se apenas a prole, e olhe lá. O restante funciona na base do popular “a fila anda”.

Aonde vamos chegar? No extremo do artificialismo, robotizado mesmo,eu acho. Depois de tantas modificações evolutivas que o organismo humano já sofreu e que tivemos notícias apenas pelas literaturas médico-científicas, acho uma coisa absurdamente fantástica poder ser testemunha dessa nova onda de desumanização pelo afastamento da natureza. Ter a possibilidade de deixar o testemunho registrado é ainda melhor. As futuras gerações que julguem a partir do que já foi e do que poderia ter sido. De preferência comendo uma refeição que alimente o dia inteiro com apenas um comprimidinho. Ah, e outro para garantir a felicidade, tomado após a refeição. Pode ser que ao sair de casa não encontrem barreiras para estragar o dia ou aborrecer. Provavelmente nas ruas estarão todos felizes também.


*Fonte: jornal Estado de Minas, 22/03/11, pg 14/15  
SOBRE OS RISCOS DE DEPENDÊNCIA QUÍMICA, LEIA AQUI





segunda-feira, 22 de agosto de 2011

LER NÃO CAUSA L. E. R. * - Planeta Educação

imagem daqui:
As estatísticas nacionais quanto à leitura indicam que os brasileiros lêem muito pouco. Em média, apenas quatro brasileiros em cada 10 têm algum contato com livros em nosso país, os outros seis (para ser mais exato, 61%), têm muito pouco ou nenhum contato com livros. E mesmo os demais 39% não praticam a leitura com alguma freqüência...

Na verdade o índice de leitores regulares de nosso país é de, aproximadamente, 16% (percentual relativo à quantidade de pessoas no Brasil que possuem o equivalente a 73% de todos os livros aqui existentes e que estão em mãos de particulares).

Há no país apenas 1.500 livrarias e em cerca de 1.300 cidades do Brasil não existem bibliotecas públicas. Só a título de comparação, somente a aquisição de livros para bibliotecas públicas nos Estados Unidos supera a compra total desse artigo por brasileiros e pelas instituições aqui existentes. (Os dados aqui apresentados constam de uma pesquisa da Câmara Brasileira do Livro, realizada em 2001).

O livro é, para os brasileiros, um produto muito caro e, em virtude disso, acabou se tornando um luxo pelo qual as pessoas, especialmente as mais humildes (de menor poder aquisitivo), não se dispõem a adquirir. Impressiona também saber que os dados relativos à leitura de jornais e revistas do Brasil, quando comparados com os de países vizinhos onde a escolarização e a valorização da cultura são maiores, como é o caso da Argentina, são menores...

As políticas públicas nacionais não consideram investimentos em livros (a não ser em impressos didáticos) como merecedores de cotas maiores dos orçamentos municipais, estaduais ou federal. Nesse sentido não há registros expressivos de melhoria dos acervos das bibliotecas públicas e nem de projetos de leitura de grande envergadura.

O que vemos é a luta de alguns apaixonados pelos livros, como professores, jornalistas, profissionais liberais ou membros das alas mais cultas das cidades, manifestando-se em favor da leitura e da melhoria das bibliotecas de seus municípios (quando elas existem), mas mesmo essa mobilização é escassa e pouco produtiva...

Além dos necessários gastos com tecnologias de ponta e projetos em informática educacional, urge que os governos e a sociedade civil se mobilizem em favor dos livros, senão seremos eternamente, uma nação de pessoas incultas em sua maioria e estaremos fadados a continuar sendo apenas "burros de carga" que fazem o trabalho pesado e alimentam o desenvolvimento alheio... 

A íntegra do artigo aqui:

Autor: 
João Luís de Almeida Machado Doutor em Educação pela PUC-SP; Mestre em Educação, Arte e História da Cultura pela Universidade Presbiteriana Mackenzie (SP); Professor Universitário e Pesquisador; Autor do livro "Na Sala de Aula com a Sétima Arte – Aprendendo com o Cinema" (Editora Intersubjetiva).


* L.E.R. = Lesão por Esforço Repetitivo

sábado, 20 de agosto de 2011

NA ALEGRIA E NA TRISTEZA

Que Sócrates era um sábio isso quase todo mundo sabe. A sua frase mais conhecida é “sei que nada sei”. Sabido que nem ele só, escamoteava seus conhecimentos através da negação. Sua mãe, parteira, ajudava dar à luz os nascidos de seu tempo. Inspirado nela, Sócrates desenvolveu um método que a filosofia chamou pelo difícil nome de maiêutica. Consiste basicamente em arranjar um interlocutor, enchê-lo de perguntas e ir elaborando novas perguntas a partir das respostas. Entre uma resposta e outra ele ia parindo novos conhecimentos. E deixava o cidadão cheio de nuvens na cabeça. Acredito que não havia ninguém que depois de uma boa prosa com Sócrates saísse a mesma pessoa. No mínimo ia querer mudar, senão o mundo, pelo menos a si mesmo. Afinal, “conhece-te a ti mesmo” é outra frase bastante conhecida do grande filósofo.

Descobri que pelo menos perguntar é o que mais gosto sem fingir que nada sei, pois não sei mesmo e fiquei reparando como é que a gente trata de forma diferente as alegrias e as tristezas. Na alegria eu já notei que encontra-se pouca gente para compartilhar e na tristeza ou alguma dor tem-se uma boa dose de solidariedade. Não que a alegria necessite de amparo. Mas será que o mundo é tão sofrido assim que só precisamos estar solidários do lado de alguém apenas quando essa pessoa está mal? Ou será que uma alegria incomoda muita gente?

A dor costuma ser medida em termos de comparação. Quem nunca ouviu aquela expressão: “tem gente muito pior do que você”(?) A alegria pode ser compartilhada apenas no flagrante e mesmo assim para o alegrado dura apenas aquele instante mágico, especial? Se a tristeza é senhora como já disse um poeta, necessitaria de cuidados maiores? Também houve quem dissesse que a alegria é como criança. Então, não precisaria de muita atenção e ajuntamento em torno de si? A alegria é egoísta? Por que na dor a gente deixa entrar o mundo em nossa casa, chama o universo em socorro e abraça tudo com emoção comovida? Na alegria só costuma chamar os mais chegados, amigos e familiares, quando muito. Na alegria a gente costuma até pagar a conta da comemoração. E na dor? Não costuma socializar a emoção e a conta também? A comoção que nos atinge quando estamos ao lado de alguém triste não é um sentimento oposto a quando estamos ao lado de alguém alegre? Quer dizer, não nos envolvemos a mesma forma em ambas as situações. Por que?

Eu tinha escrito esta crônica num dia de tristeza. Acontece que minha alegria costuma ser maior ou eu dou menos importância à tristeza. Então guardei e nem sei o motivo de não publicá-la. Agora, lendo notícias encontro algo curioso. Elegeram a cena mais triste de todos os tempos nos filmes e, na pesquisa, descobriam algumas coisas inusitadas, como o fato de as pessoas gastarem mais dinheiro quando estão tristes do que alegres. Assim, termino com bom humor: será que é por isso que as festas 0800 estão cada vez mais escassas?



 Quer ver  a cena? Aqui






quinta-feira, 18 de agosto de 2011

NÓ NA LÍNGUA

imagem jornalpilares.blogspot.com
Ouvi numa rádio o locutor derrapando três vezes para falar a palavra deslizamento. Pra piorar, parece que havia alguém lá no estúdio soprando para ele a pronúncia correta e aí é que ele deslizou mesmo. Como os tartamudos. Quando eu era pequeno me ensinaram que uma pessoa que gagueja não deve ser ajudada na hora que fica rateando para dizer uma palavra, pois isso a deixa ainda mais nervosa e não sai nada além de gestos aflitos. E se for um gago muito nervoso quando ele conseguir falar algo pra lhe responder, provavelmente vai exercer aquela porção de coprolalia* de que somos todos um pouco portadores.

O Cebolinha (aquele personagem do Maurício de Souza) troca o L pelo R entre vogais – ele tloca as letlas. Tenho dois amigos de longas datas (um homem e uma mulher) que só me tratam por Zé Cráudio. No princípio pensava que fosse alguma brincadeira e só muito depois fui ver que possuem de um distúrbio da dicção chamado dislalia. O oposto, aqueles que falam tudo direitinho, com todas as letras bem pronunciadas, chama-se eulalia, que quer dizer boa dicção.

Eu sempre tive uma dificuldade enorme para aprender a falar regozijo. Aliás, aprendi muito tarde, mas nem gosto de usar. Um significado tão bonito não merecia uma palavrinha tão feia. Noventa por cento das pessoas boas de lábia que conheço derrapam também para falar lagartixa e iogurte. Os erres são sempre trocados de lugar na primeira tentativa. E salsicha, hein? Quem nunca falou salchicha que atire a primeira lata na minha cabeça.

* coprolalia = impulso incontrolável de mandar tomar naquele lugar impublicável.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

BANDA LARGA?

Faltava mais essa para a minha coleção de engodos diários, mensais e anuais. Você compra uma banda larga e diz pra todo mundo, por exemplo, que tem 10 mega de velocidade. Mentira assegurada por lei. As operadoras só tem a obrigação de colocar na sua casa 10% do que você contratou como serviço de banda larga. Agora a Anatel (serve para que mesmo?) está querendo obrigar as operadoras a entregarem 60% do que a gente paga (mas a gente paga 100%).

Quando eu era criança , na época da ditadura militar, ensinavam a gente a cantar essa musiquinha e deixar pra lá as coisas que estavam acontecendo.

“esse é um país que vai pra frente, ô,ô,ô,õ,ô
Uma gente amiga e tão contente, ô,ô,ô,õ,ô
Esse é um país que vai pra frente
Um povo unido, de grande valor
É o país que canta, trabalha e se agiganta,
É o Brasil do nosso amor.”

Dizem que quem canta seus ódios males espanta.

Leia mais aqui

segunda-feira, 15 de agosto de 2011

LER NÃO CAUSA L.E.R.* - Guiomar de Grammont *

LER DEVIA SER PROIBIDO
Afinal de contas, ler faz muito mal às pessoas: acorda os homens para realidades impossíveis, tornando-os incapazes de suportar o mundo insosso e ordinário em que vivem. A leitura induz à loucura, desloca o homem do humilde lugar que lhe fora destinado no corpo social. Não me deixam mentir os exemplos de Dom Quixote e Madame Bovary. O primeiro, coitado, de tanto ler aventuras de cavalheiros que jamais existiram meteu-se pelo mundo afora, a crer-se capaz de reformar o mundo, quilha de ossos que mal sustinha a si e ao pobre Rocinante. Quanto à pobre Emma Bovary, tomou-se esposa inútil para fofocas e bordados, perdendo-se em delírios sobre bailes e amores cortesãos.

Ler realmente não faz bem. A criança que lê pode se tornar um adulto perigoso, inconformado com os problemas do mundo, induzido a crer que tudo pode ser de outra forma. Afinal de contas, a leitura desenvolve um poder incontrolável. Liberta o homem excessivamente. Sem a leitura, ele morreria feliz, ignorante dos grilhões que o encerram. Sem a leitura, ainda, estaria mais afeito à realidade quotidiana, se dedicaria ao trabalho com afinco, sem procurar enriquecê-la com cabriolas da imaginação.


Sem ler, o homem jamais saberia a extensão do prazer. Não experimentaria nunca o sumo Bem de Aristóteles: o conhecer. Mas para que conhecer se, na maior parte dos casos, o que necessita é apenas executar ordens? Se o que deve, enfim, é fazer o que dele esperam e nada mais?


Ler pode provocar o inesperado. Pode fazer com que o homem crie atalhos para caminhos que devem, necessariamente, ser longos. Ler pode gerar a invenção. Pode estimular a imaginação de forma a levar o ser humano além do que lhe é devido.


Além disso, os livros estimulam o sonho, a imaginação, a fantasia. Nos transportam a paraísos misteriosos, nos fazem enxergar unicórnios azuis e palácios de cristal. Nos fazem acreditar que a vida é mais do que um punhado de pó em movimento. Que há algo a descobrir. Há horizontes para além das montanhas, há estrelas por trás das nuvens. Estrelas jamais percebidas. É preciso desconfiar desse pendor para o absurdo que nos impede de aceitar nossas realidades cruas.


Não, não dêem mais livros às escolas. Pais, não leiam para os seus filhos, pode levá-los a desenvolver esse gosto pela aventura e pela descoberta que fez do homem um animal diferente. Antes estivesse ainda a passear de quatro patas, sem noção de progresso e civilização, mas tampouco sem conhecer guerras, destruição, violência. Professores, não contem histórias, pode estimular uma curiosidade indesejável em seres que a vida destinou para a repetição e para o trabalho duro.


Ler pode ser um problema, pode gerar seres humanos conscientes demais dos seus direitos políticos em um mundo administrado, onde ser livre não passa de uma ficção sem nenhuma verosimilhança. Seria impossível controlar e organizar a sociedade se todos os seres humanos soubessem o que desejam. Se todos se pusessem a articular bem suas demandas, a fincar sua posição no mundo, a fazer dos discursos os instrumentos de conquista de sua liberdade.


O mundo já vai por um bom caminho. Cada vez mais as pessoas lêem por razões utilitárias: para compreender formulários, contratos, bulas de remédio, projetos, manuais etc. Observem as filas, um dos pequenos cancros da civilização contemporânea. Bastaria um livro para que todos se vissem magicamente transportados para outras dimensões, menos incômodas. E esse o tapete mágico, o pó de pirlimpimpim, a máquina do tempo. Para o homem que lê, não há fronteiras, não há cortes, prisões tampouco. O que é mais subversivo do que a leitura?


É preciso compreender que ler para se enriquecer culturalmente ou para se divertir deve ser um privilégio concedido apenas a alguns, jamais àqueles que desenvolvem trabalhos práticos ou manuais. Seja em filas, em metros, ou no silêncio da alcova… Ler deve ser coisa rara, não para qualquer um.


Afinal de contas, a leitura é um poder, e o poder é para poucos.


Para obedecer não é preciso enxergar, o silêncio é a linguagem da submissão. Para executar ordens, a palavra é inútil.


Além disso, a leitura promove a comunicação de dores e alegrias, tantos outros sentimentos… A leitura é obscena. Expõe o íntimo, torna coletivo o individual e público, o secreto, o próprio. A leitura ameaça os indivíduos, porque os faz identificar sua história a outras histórias. Torna-os capazes de compreender e aceitar o mundo do Outro. Sim, a leitura devia ser proibida.


Ler pode tornar o homem perigosamente humano.



* Guiomar de Grammont é historiadora, doutoranda em literatura, autora de vários livros e publicações e foi curadora da II Bienal do Livro de Belo Horizonte-2010.

* L. E R . = Lesão Por Esforço Repetitivo





sexta-feira, 12 de agosto de 2011

O QUE VOCÊ FARIA?

A história é assim: a moça, depois que sua mãe lhe forneceu pistas acerca de seu pai biológico na adolescência, já que estava desconfiada de suas diferenças em relação aos irmãos resolve, aos 22 anos, investigar suas origens e sai em busca dele, quer conhecê-lo. E descobre que seu pai biológico é diferente daquele “garanhão italiano” que sua mãe havia lhe descrito. Encontra um travesti.

Esse é um assunto sobre o qual a vida me ensinou a não fazer julgamentos, no entanto, há uma comichão inseparável e própria de cada um em comentar. As melhores maneiras, eu acredito, de não sair por ai fazendo julgamentos condenações e absolvições ou ainda ficando em cima do muro é, primeiro: não tenho nada que me meter com a vida alheia; segundo: pimenta nos olhos dos outros é refresco e; terceiro e mais importante: não alimentarei preconceitos e nem sairei por ai me arrogando como dono de alguma verdade. Quando  a alteridade se instala (ou nós mesmos a instalamos)  com toda a sinceridade possível, aplacamos nosso ímpeto acusatório ou julgador; de algoz, condescendente ou omisso, não é mesmo? Então meu comentário passa a ser: E se fosse comigo?

Normalmente, com notícias engraçadas, inusitadas, escandalosas, ou chocantes, costumo criar uma história paralela, falar da própria notícia ou fazer uma crítica bem humorada, tomando o cuidado de não ser agressivo, preconceituoso, radical, raivoso, sarcástico, nem mórbido. Aqui também devo me cercar desses mesmos cuidados para não correr nenhum risco de segundas ou terceiras intenções. Tive então a idéia de conversar com minhas duas filhas separadamente para obter a opinião delas sobre o episódio para colocar aqui como se fosse comigo. Portanto, ficou sendo um evento familiar e se elas manifestarem alguma idéia politicamente incorreta, é o retrato da nossa própria sociedade.

A mais velha deve ter acordado com uma TPM no dia da pergunta, que fiz logo cedo:
- E se fosse com você, filha, dá para imaginar qual seria a sua reação?
- Pai, isso é pergunta que se faça logo na hora do café da manhã? Eu sei lá, talvez fosse ficar procurando um chão pra pisar durante um bom tempo.

Já a segunda, mais debochada, soltou espontânea:
- Pai, desse tamanho todo, já pensou que hooooorrorosa você ia ser?

Esta situação inusitada serve de contraponto (sem debate) ao que tramita no congresso nacional acerca da adoção de filhos por casais homossexuais. Aqui a situação é inversa, a filha querendo adotar um pai (no caso, o próprio pai).

E aí, o que você faria?



Ao procurar seu pai perdido, filha encontrou um travesti....
Quer saber do fato todo? Então leia aqui:


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PS: DEIXO UM CALOROSO E FRATERNO ABRAÇO AOS PAIS QUE POR AQUI PASSAREM

quinta-feira, 11 de agosto de 2011

SALVEM OS PROFESSORES

Esta imagem eu tirei daqui, onde uma parte da grande imprensa desqualifica os professores
Greve é um problemão, não é mesmo? Na educação, então, é o retrato cruel de descaso. Alunos sem aulas, pais aflitos, governos dando suas puídas e inaceitáveis desculpas, os professores amaldiçoados e a educação fazendo de conta que está acontecendo. Basta ver o resultado lá no final. O Brasil experimenta atualmente um crescimento econômico e todo mundo reclamando que não tem pessoal preparado para enfrentar o mercado. Muita gente formada e muito pouca gente dando conta de entender corretamente um texto, escrever uma lauda, articular argumentos numa entrevista. Números não nos faltam, mas qualidade está longe de ser atingida. Ruim duas vezes. Nem formando mão de obra nem cidadãos plenos e conscientes.

Os professores da rede estadual de Minas estão em greve há mais dois meses e a guerra de informações e reclamações está se acirrando. De um lado, o governo dizendo que paga acima do piso nacional (como se 1.187 reais fosse um grande salário para professores, que mesmo se tiverem uma jornada de 24 horas semanais na escola, dificilmente tem uma outra menor do que mais 40 horas em casa). Professor - nunca devemos esquecer - trabalha na escola e em casa, obrigatoriamente. O governo tenta desacreditar os professores quando anuncia esse “grande feito” na imprensa e os professores exibem contra cheques desmentindo. É assustador ainda constatar que a associação dos pais entrou com pedido de intervenção do ministério público a fim de arrumar a casa. Até aí, tudo bem, tem mesmo que dar um fim ao movimento. As alegações: uns pais reclamando que não tem com quem deixar os filhos, outros que eles vão perder o Enem e mais outros reclamando fome porque a única refeição digna que os filhos fazem é a merenda escolar. Legítimas todas essas queixas. O que mais dói é não ver ninguém publicamente defendendo a dignidade dos professores, aqueles que são os responsáveis por ajudar a educar e formar os filhos.

As manifestações que os professores fazem nas ruas são motivos de queixas dos estressados do trânsito (mesmo se esses estressados forem pais de muitos alunos prejudicados – e devem ser mesmo). Alegam, também pela imprensa, que os professores tem lá seus direitos de reclamar, desde que não atrapalhem a vida da cidade. Ora, mas o que é a vida na cidade? Os professores, alunos, escolas, educação não contam? É somente ter as ruas livres para passar pra lá e pra cá, mesmo com a vida sendo comprometida em sua fase mais importante que é a formação das próximas gerações? Os pais que precisam ir para lá e para cá não é com o objetivo de obter sustento para os mesmos filhos que estão na escola? Então, como não importa o que os professores estão fazendo ali na rua?

A imprensa, fazendo coro com esta situação põe seus âncoras de jornais para dizerem que é preciso arranjar outros meios de protestar, sem que haja greve. Quais meios? Sentar para negociações e ouvir não posso, não tenho, não dou? Fazerem audiências públicas com deputados? Já viram dar resultado? Aprovar leis que obriguem a investir mais em educação? Ir à justiça e ela declarar que a greve é ilegal e multar os professores que mal ganham para o sustento?

Talvez a única saída passe a ser daqui para frente os jovens deixarem de procurar os cursos de licenciatura (já vem ocorrendo pouco a pouco). Imaginem pararmos de formar professores durante uns dez anos. Não seria o equivalente a apagar metade das luzes que iluminam o país? Não esquecendo que uma boa parte já vive num escuro danado?

Um dos motivos de minha desistência de continuar dando aulas foi que em dois lugares onde lecionei, um pagava de três em três meses, o outro eu quase pagava para trabalhar. Se eu não tivesse um outro emprego...

Prefiro escrever aqui me dirigindo aos pais. Falar aos governantes é chover no molhado ou dar munição a eles para as próximas campanhas com suas promessas irritantes.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

BOLSAS E CASSINOS

imagem DAQUI

Tá certo, o jogo de azar é proibido, mas pensando bem o maior cassino do mundo se chama bolsas de valores. Uma aposta em que  joga-se a sorte do mundo ali nas ações das empresas que comandam o poder no planeta. O mundo não quebra, minha gente. O que acontece nas grandes crises é o dinheiro mudar de lugar e às vezes de bolsos. Só quebraria numa catástrofe que eliminasse a maior parte da população e das edificações que temos, onde quem sobrevivesse teria que começar do zero novamente. No mais é a especulação financeira mudando o rumo das coisas na vida de todos. Como pode as bolsas quebrarem o mundo? O dinheiro evapora-se? Já viram algum pregão com gente colocando fogo em notas  de dinheiro? Isso sim, seria quebradeira e chororô.

Na última crise de 2009 (que chegaram a comparar com a de 1929), o que vimos depois? Uns poucos empresários falidos, outros em situação difícil e de outro lado, aparecendo ricaços do dia para a noite. E ainda temos aquela triste realidade subjacente e subalterna do poder político com o poder econômico: os governos dos países primeiramente afetados correm para socorrer as grandes empresas e os bancos sob o argumento de que eles é que tocam a nossa vida para frente através de suas empresas e dos empregos que geram. Só que tiram o nosso dinheiro para dar a eles sem garantia de nada mais à frente. 

A maior desvantagem desse jogão em relação aos cassinos e bingos é que nestes,  somente algumas pessoas perdem dinheiro, patrimônio pessoal,  auto estima e criam problemas familiares. No cassinão da bolsa, quando há crises, a gente tem que ficar torcendo para não afetarem o nosso país. Estamos todos nas mãos de jogadores.

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

LER NÃO CAUSA L. E. R. * - Frases

 “Enquanto tantos semeiam discórdias, vamos cultivar livros”.

Gilbamar de Oliveira
Poeta e escritor do  Recanto das Letras.
imagem: cantodomeucordel.blogspot.com
 
"Clássico é o livro que nunca acabou de dizer o que tem para dizer"
fonte: www.unitau.br/biblioteca/popup/paixao-pelos-livros
Do livro  Paixão pelos Livros (org. por Júlio Silveira e Martha Ribas, ed. Casa da Palavra)
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“Um país se faz com homens e livros.”
fonte: www.unitau.br/biblioteca/popup/paixao-pelos-livros
Do livro  Paixão pelos Livros (org. por Júlio Silveira e Martha Ribas, ed. Casa da Palavra)
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“A virtude paradoxal da leitura é de nos abstrair do mundo para nele encontrar algum sentido.”
fonte: www.unitau.br/biblioteca/popup/paixao-pelos-livros
Do livro  Paixão pelos Livros (org. por Júlio Silveira e Martha Ribas, ed. Casa da Palavra)
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“É o que você lê quando não tem que fazê-lo que determinará o que você será quando não puder evitar.”
Do livro  Paixão pelos Livros (org. por Júlio Silveira e Martha Ribas, ed. Casa da Palavra)
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“Livro não deve confortar, mas sim causar desconforto, fazendo o leitor refletir sobre o mundo”.

do escritor e roteirista de cinema Maal Aquino, que num desabafo sobre o pior da Literatura para a Revista Superinteressante, dispara contra os livros de auto-ajuda:
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“Pegue um livro original de qualquer área, sente-se numa cadeira confortável (da biblioteca) e leia, como se fazia 500 anos atrás. Você terá um relato apaixonado, aguçado, com os melhores argumentos possíveis, de um brilhante pensador. Você vai ler alguém que tinha de convencer toda a humanidade a mudar uma forma de pensar. Um autor destemido e corajoso que estava colocando sua reputação e, muitas vezes seu pescoço, em risco. Alguém que estava escrevendo apaixonadamente para convencer uma pessoa bastante especial: você.”
Do livro  Paixão pelos Livros (org. por Júlio Silveira e Martha Ribas, ed. Casa da Palavra)
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L.E.R. = Lesão Por Esforço Repetitivo
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